Navegando pelo cinema
'Ainda Estou Aqui' e a cordial luta de classes brasileira
Estamos acostumados (eu diria “treinados”) a considerar um filme apenas pelo seu conteúdo, ignorando a linguagem, o contexto e as relações sociais e de classe que envolvem a fabricação do produto cultural. É a necessidade de termos o olhar materialista histórico, coisa fora da moda na atualidade. Mas é essencial para entendermos o filme “Ainda Estou Aqui” (2024), que guarda paradoxos e ironias que revelam como a cordialidade marca a luta de classes brasileira: de um lado, um cineasta herdeiro de um banqueiro fiador e beneficiário do golpe militar de 1964; e do outro, a Globo – golpista de primeira hora em 1964 e num momento em que, através da plataforma Globoplay, co-produtora do filme, tenta ir além da TV aberta, de olho no mercado internacional. O campo progressista celebra o filme. Por supostamente proporcionar a oportunidade de contar a história da ditadura. Mas porque uma Sony Pictures e outras distribuidoras internacionais se interessaram pelo filme e não por outros sobre o mesmo tema? A resposta está no contexto da luta de classes e da linguagem internacional-popular esperada pelas distribuidoras. Para ler o texto de Wilson Roberto Vieira Ferreira clique aqui
Analisando Karhryn Bigelow: "Detroit em Rebelião" (2017) e a Guerra Doméstica
"Detroit em Rebelião", dirigido por Kathryn Bigelow e mais uma vez roteirizado por Mark Boal, começa com uma animação explicando didaticamente como a cidade de Detroit ganhou proporções financeiras e sociais expressivas. Conhecido como o mais “longo e quente verão de 1967”, na noite do dia 23 de julho, casas e comércios foram queimados, saqueados ou depredados. Após uma batida policial em um bar sem licença para funcionar, 82 pessoas foram presas por estarem comemorando o retorno de dois soldados da guerra do Vietnã. A batida policial revoltou a população civil que já estava descontente com as forças policiais por sua frequente abordagem violenta e racista. Os protestos duraram de 23 a 28 de julho daquele ano, e no dia 25, o “incidente do Algiers Motel” daria outro contorno a um dos maiores protestos raciais da história dos Estados Unidos. Para ler o texto de Alan Alves clique aqui
Uma solidão que se aceita: 55 anos de "Midnight Cowboy"
Quando "Midnight Cowboy" estreia, na primavera de 1969, já os sinos da nova Hollywood tocavam perante a estupefação geral de uma indústria a braços com o novo sentimento cultural e social da era pós-hippie americana. O toque de partida para a zeitgeist emergente havia sido dado pela recepção crítica e popular a "Bonnie and Clyde" no ano anterior, perante a comoção global das audiências face a uma nova forma de filmar e contar histórias em Hollywood. Ainda assim, o confronto entre auteurismo e industrialismo nunca deixou de estar muito presente não apenas na mente de críticos e público, mas sobretudo na própria indústria. Para ler o texto de Hugo Dinis clique aqui
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