Navegando pelo cinema

 

Nicolas Philibert: Acredito firmemente que a arte nos permite suportar o mundo, a sua escuridão, a sua miséria e violência

Nas margens do Rio Sena, em Paris, encontra-se ancorado o L’Adamant, mais do que um mero navio, um centro de dia que acolhe as mais diferentes loucuras, culminando-as numa salvação, ou amenização, por via da arte, seja de que forma for. Entre loucos e génios, a distância é mínima, mas é através dessas particularidades, que estes 'doentes', assim a sociedade os apelida como marginalização, se unem, partilhando vivências, ideias, hesitações e angústias com a sua própria existência. São ateliês de desenhos, cafeterias improvisadas, ou até um festival de cinema, Travelling, onde a passagem é prometida como breve. Não são os loucos de Lisboa, mas parisienses, aqueles que igualmente acreditam que “os rios nascem no mar” como uma alternativa à violência da nossa realidade. O barco à mercê de todos, é o motivo do novo filme de Nicolas Philibert, documentarista de sucessos notáveis em França. Para ler sua entrevista clique aqui

"Anatomia de uma queda e a decisão de acreditar"

Uma mulher é suspeita de ter assassinado o marido, e o seu filho cego enfrenta um dilema moral como única testemunha. Para ler o texto de Fabiana Lima clique aqui

"A gangue dos bosques do templo", de Rabah Ameur-Zaïmèche: A canção do cisne dos oprimidos

O novo filme de Rabah Ameur-Zaïmèche confirma a qualidade de seu cinema e seu lugar original no cinema francês. Nos seus filmes existe uma tranquilidade que não pode ser uma ilusão. Ele não se inscreve nas sirenes do programa, vira uma intriga policial com a soberania de um Melville, mas a partir de cada imagem flui um rio de perguntas frutíferas. Ele constrói sua história de maneira enigmática, até que seu quadro importe menos do que aquilo que aqui apresenta: o desejo de um grupo de amigos da cidade dos bosques do templo (localizado em Clichy-sous-Bois, no nordeste de Seine-St-Denis), ir além das atribuições em que nossa sociedade as limita. Para ler o texto de Olivier Barlet clique aqui