"Iemandite" - Leonor Scliar-Cabral
Iemandite
Emerge em névoa e balança os seios
e sobre a espuma a flotar em flocos
repete múrmura ao seu amante:
Vem, meu amado.
conduz-me firme, a cintura e cinge,
mistura o sémen ao sal e às algas
e ao vai-e-vem em transporte singra,
mar que me afoga
Morrer eu quero, morrer de amor,
cavalgando corcéis fogosos,
colhendo salvas recém jogadas
como oferenda
por quem da praia lançou-me rosas.
O espinho sangra e os deuses choram.
Serão eternas tão breves as ondas
e o seu marulho.
Leonor Scliar-Cabral
Brasil (Porto Alegre) 1929
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