MOÇAMBIQUE - João Pedro Grabato Dias. "Um morto esquecido é tantíssimo perigoso"
Pedro Mexia conseguiu a proeza de organizar, para a Tinta da
China, uma antologia de poemas de João Pedro Grabato Dias, coisa que até aqui
ninguém tinha conseguido, alegadamente por reticências dos herdeiros. Para quem
não sabe: João Pedro Grabato Dias é o principal pseudónimo literário de António
Augusto de Melo Lucena e Quadros (1933-1994), personalidade irreverente da vida
cultural moçambicana. Nascido em Viseu, foi para Lourenço Marques em 1964,
tendo vivido em Moçambique até 1984. Além de pintor sob o nome civil — António
Quadros —, com obra espalhada por coleções exigentes e museus de referência, o
António fez tudo: encenou peças para o teatro universitário, escreveu canções
para Zeca Afonso (então professor em Moçambique), deu aulas na Universidade,
co-editou com Rui Knopfli os cadernos de poesia Caliban, fascinou Sena com as
Qvybyrycas de Frey Ioannes Garabatus (outro pseudónimo seu), convenceu Samora
Machel da existência de um guerrilheiro-poeta chamado Mutimati Barnabé João
(outra vez ele), mais o que aqui se não diz por ser de natureza privada.
Eduardo Pitta (28/12/2021)
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