"A cor do sonho" - Adão Cruz
A cor do sonho
A mensagem que deixaste
como laço da prenda de todos
faz pensar.
Tão sublime que exalta
e tão vaga que oprime.
Leva-nos além do falar
que só não falando se entende.
Por mais serena que seja a luz
e mais suave o convite
não sabemos quem ordena e conduz
se a razão se o palpite
se a chaga ou a lança
se a sorte ou a desdita
ou o sonho que tudo reduz
àquilo que se acredita.
Trememos de frio em dia de sol
e somos ventre de fogo
nas tardes cinzentas de chuva.
Subimos o alto dos montes
descemos o fundo dos mares
onde tudo se fecha e se abre
na falsa harmonia dos contrastes
que fazem a ponte entre a noite e o dia.
Nascem algemas de ouro
nos pulsos abertos de sangue
e não sabemos quem seguir
se a alma se a razão
quando neste vaivém de cansaço
uma entra e outra sai
como sangue no coração.
Se o sonho cai desfeito
nas trevas de tudo ter feito
entre a razão e o deserto
não há razão que resista
a uma vida em aberto.
Todos olham e dizem
o que seria bom de ouvir…
mas a farsa que a gente é
só dói mesmo de pé
antes de a gente cair.
Adão Cruz
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