quarta-feira, 13 de maio de 2015

4o Aniversário do blog "Navegações nas Fronteiras do Pensamento"


Com cerca de 4000 postagens o Blog "Navegações nas Fronteiras do Pensamento" celebra hoje o seu 4o Aniversário". Inúmeros leitores do Brasil, Alemanha, Estados Unidos, Portugal, Rússia, Moçambique, Ucrânia, França, Malásia, Polônia, entre tantos outros países dos cinco continentes têm dado sustentação à permanência deste espaço de reflexão, onde se fazem presentes textos das várias Ciências Sociais e Humanas, bem como textos e vídeos das Artes (cinema, literatura, poesia, teatro, artes plásticas, escultura, fotografia, música...).
Para celebrar este 4o Aniversário nada melhor que o fazer através de um poema. Como nos diz de forma lapidar Octavio Paz:


Pura e impura, sagrada e maldita, popular e minoritária, coletiva e pessoal, nua e vestida, falada, pintada, escrita, ostenta todas as faces, embora exista quem afirme que não tem nenhuma: o poema é uma máscara que oculta o vazio, bela prova da supérflua grandeza de toda obra humana!


O grego Konstantinos Kaváfis traz-nos através do seu poema "Ítaca", os desafios da viagem de regresso a Ítaca, em que a vida se vê refletida, simbolizando essa aventura das navegações a outros territórios, ao encontro do "outro" mas, na verdade, ao encontro de si mesmo.
ÍTACA

Quando, de volta, viajares para Ítaca
roga que tua rota seja longa,
repleta de peripécias, repleta de conhecimentos.
Aos Lestrigões, aos Cíclopes,
ao colérico Posêidon, não temas:
tais prodígios jamais encontrará em teu roteiro,
se mantiveres altivo o pensamento e seleta
a emoção que tocar teu alento e teu corpo.
Nem Lestrigões nem Cíclopes,
nem o áspero Posêidon encontrarás,
se não os tiveres imbuído em teu espírito,
se teu espírito não os suscitar diante de si.
Roga que sua rota seja longa,
que, múltiplas se sucedam as manhãs de verão.
Com que euforia, com que júbilo extremo
entrarás, pela primeira vez num porto ignoto!
Faze escala nos empórios fenícios
para arrematar mercadorias belas;
madrepérolas e corais, âmbares e ébanos
e voluptuosas essências aromáticas, várias,
tantas essências, tantos arômatas, quantos puderes achar.
Detém-te nas cidades do Egito -nas muitas cidades-
para aprenderes coisas e mais coisas com os sapientes zelosos.
Todo tempo em teu íntimo Ítaca estará presente.
Tua sina te assina esse destino,
mas não busques apressar sua viagem.
É bom que ela tenha uma crônica longa duradoura,
que aportes velho, finalmente à ilha,
rico do muito que ganhares no decurso do caminho,
sem esperares de Ítaca riquezas.
Ítaca te deu essa beleza de viagem.
Sem ela não a terias empreendido.
Nada mais precisa dar-te.
Se te parece pobre, Ítaca não te iludiu.
Agora tão sábio, tão plenamente vivido,
bem compreenderás o sentido das Ítacas.

Konstantinos Kaváfis
Poeta grego (1863-1933) nasceu e morreu em Alexandria, cidade egípcia que o fascinava e o desesperava...

(Tradução de Haroldo de Campos)


3 comentários:

Bruno Paes 13 de maio de 2015 às 11:38  

Eh, já se passaram quatro anos em que você, Miguel, continua a desbravar esses mares. Admiro o esforço e a força com que mantem esse tão legal, e importante projeto adiante! Que venham mais e mais horizontes, que consigamos expandir sempre os limites das fronteiras do pensamento e da crítica reflexiva, principalmente quando navegamos, atualmente, sobre águas tão tenebrosas!

Forte abraço!

Bruno Paes

Fernando Ferreira 13 de maio de 2015 às 14:32  

Manifesto meu apreço pelo trabalho realizado e espero com entusiasmo que este Blog continue a proporcionar excelentes matérias por muitos mais anos.

Renata Castro 14 de maio de 2015 às 19:13  

Oi Professor,

Parabenizo seu rico trabalho intelectual ao longo
destes quatro anos. São tantas matérias excelentes! Pena eu
não conseguir ler todas! Parabéns
e muito sucesso!


Abraço,

Renata

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