sábado, 6 de setembro de 2014

Os meus cinco filmes de cabeceira


Os meus cinco filmes de cabeceira

O filme apresenta o mundo não só objetivamente, mas também subjetivamente. Cria novas realidades, em que as coisas podem ser multiplicadas; pode inverter seus movimentos e ações, distorcê-las, atrasá-las ou acelerá-las. Dá vida a mundos mágicos onde não existe a gravidade, onde forças misteriosas fazem mover objetos inanimados e onde objetos partidos voltam a ficar inteiros. Cria relações simbólicas entre acontecimentos e objetos que não têm qualquer ligação na realidade.

Rudolf Arnheim, 1989

1o -O sétimo selo – Ingmar Bergman (Suécia, 1958) - Simplesmente o melhor filme da história do cinema. Bergman, provavelmente o cineasta que mais obras-primas produziu na 7a arte, presenteia-nos nesta obra a preto e branco, com a mais fascinante e espantosa alegoria sobre a morte.
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2o -Antes da chuva – Milcho Manchevsky (Macedónia, 1994) - Combinando com maestria um enredo circular, o autor macedônio nos envolve no entrelaçamento de três histórias, impregnadas de política, violência e poesia. Olhar perspicaz, impiedoso, desafiador e delicado de Manchevsky sobre os problemas da etnicidade e da intolerância.
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3o - “Lavoura arcaica – Luiz Fernando Carvalho (Brasil, 2003) - Um Bergman dos trópicos! Um poema visual (sedução, erotismo e violência simbólica), numa história contada com mão segura sobre facetas menos luminosas da instituição familiar. Excepcional desempenho dos principais protagonistas.
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4o - “Arca russa – Aleksandr Sokúrov (Rússia, 2002) - Um prodígio de criatividade e de técnica cinematográfica: filmar num único plano de 96 minutos e no interior de 35 salas de um mais espetaculares museus do planeta, o Hermitage, em São Petersburgo, a história russa desde início do século XIX até à Revolução Bolchevique.
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5o - “Os diários de motocicleta – Walter Salles (Brasil, 2004) - Num mundo em que as utopias parecem ter-se perdido, Salles apresenta-nos a bela trajetória por terras latino-americanas, do jovem Ernesto que viria a tornar-se um depositário dos sonhos e de utopias da juventude e uma das figuras mais emblemáticas do século XX: o Che.
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Internet, pais infantis e banalidades

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Online sempre. Status: Disponível. Perfil: Público. É assim que a maioria das pessoas se apresenta ao mundo, hoje. Vivemos conectados às redes sociais trocando informações, opiniões, vídeos, fotos, intimidades – desde que acordamos até a hora de dormir. Não seria demasiado afirmar que elas têm sido nossas companhias mais assíduas. Daí que o espaço virtual tem tomado dimensões públicas que merecem atenção.
A espetacularização da vida cotidiana nas redes exige uma reflexão sobre a forma como temos educado as crianças para o uso dessa ambiência comunicacional. Será que os ditos nativos digitais (que já nasceram no império das novas tecnologias) estão de fato preparados emocionalmente para o uso dos meios de comunicação? Conseguem ter o devido cuidado e respeito aos limites entre o que deve ser público e privado? Será que, como adultos cuidadores, temos nos comportado de forma ética nas redes e dado exemplos de autocuidado?
Para ler o texto completo de Lais Fontenelle Pereira clique aqui

Curso: para enxergar História e Cultura indígenas em São Paulo

Centenas de índios protestam em S.Paulo, em outubro de 2013, contra tentativas de frear demarcação de suas terras. Curso demonstrará que presença dos povos originários é marcante também no quotidiano da metrópole

Num texto recente, o linguista e dissidente norte-americano Noam Chomsky notou que os governos e mídia alinhados a Washington precisam efetuar uma operação ideológica especial, para justificar a agressão permanente praticada por Israel contra os palestinos. Implica tratá-los como impessoas (“unpeople”). Só tornando-os invisíveis é possível apoiar Telaviv e considerar-se, simultaneamente, partidário da Democracia e dos Direitos Humanos. Neste fim de semana, em São Paulo, será possível compreender e debater um fenômeno semelhante: a invisibilização dos povos indígenas brasileiros. Num curso em duas etapas – conceitual no sábado, prática-peripatética, no domingo – o historiador Carlos José Santos abordará a presença dos povos originais no coração metrópole. Além disso (e talvez mais importante), fornecerá elementos para reenxergá-los, invertendo o processo descrito por Chomsky.
Para ler o texto completo de Antonio Martins clique aqui

Ditadura econômica, o grande tabu das eleições?

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Quem diria! Mal se passaram seis anos da crise em que as políticas neoliberais afundaram o mundo e eles já estão aí com todo o vigor. A aposta na mão invisível do mercado e na desregulamentação das finanças quase levou a maior economia do mundo ao colapso em 2008. Os Estados Unidos, a Europa e a economia mundial pagam o preço até hoje.
Não demorou, porém, para que os intelectuais da banca superassem a vergonha e o descrédito, saíssem do armário e recuperassem a autoconfiança para defender a mesma rota do fracasso. Abstraíram 2008 e reaparecem de cara lavada para apresentar as mudanças necessárias na economia brasileira.
Já foi dito que a história se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa. Neste caso até os personagens são os mesmos. Vejam vocês, Armínio Fraga! As últimas três campanhas presidenciais do PSDB o esconderam a sete chaves, assim como a FHC. Dizem que há lugares do país que quando seu nome é citado as pessoas correm para bater três vezes na madeira. Dá azar. Incrível, mas Aécio Neves teve a coragem de reabilitá-lo.
Aquele que quando foi presidente do Banco Central elevou a taxa de juros de 25% para 45%! O homem do arrocho e dos banqueiros. Que foi diretor do fundo de investimento de George Soros, símbolo da especulação financeira mundial.
Para ler o texto completo de Guilherme Boulos clique aqui

20 fotos históricas em preto e branco e restauradas em cores

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Para ver 20 fotos históricas em preto e branco e restauradas em cores clique aqui

Cliff Richard - "Right Here Waiting For You"


Pra ver a interpretação de "Right Here Waiting For You" na voz de Cliff Richard clique aqui

"O fazedor de amanhecer" - Manoel de Barros


O fazedor de amanhecer

Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência

Manoel de Barros

A História do Cinema em 15 horas - Mark Cousins



A História do Cinema: Uma Odisseia” é um documentário sobre a história do cinema feito para televisão com 15 capítulos e mais de 900 minutos. Foi dirigido e narrado por Mark Cousins, um crítico de cinema da Irlanda do Norte, e baseia-se em seu livro “A História do Cinema”, de 2004. A série foi transmitida primeiro em 2011 pelo More4, uma ramificação da inglesa Channel 4. Foi exibido também no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2011, no Museu de Arte Moderna de Nova York em fevereiro de 2012 e transmitido nos EUA em 2013 pelo canal Turner Classic Movies. O jornal “The Telegraph” classificou a transmissão inicial de 2011 como o ‘evento cinematográfico do ano’, descrevendo-o como ‘visualmente hipnotizante e intelectualmente flexível’, sendo ao mesmo tempo uma carta de amor ao cinema e uma recontagem imperdível de sua história. Um colunista do “Irish Times” colocou-o na categoria de ‘monumento’, embora estranhamente subpromovido. Cousins utiliza-se de filmes, entrevistas com cineastas e profissionais do meio, além de locações ao redor do mundo para conduzir os espectadores pela história de fazer filmes, desde o século 19 até os dias de hoje, com ênfase no cinema global. Em resumo, estamos perante uma viagem fascinante pela História do Cinema.
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Fluxo migratório para Europa em 2014 é superior ao de ápice da Primavera Árabe


Mais imigrantes tentam chegar à Europa por via terrestre ou marítima em 2014 do que no auge da Primavera Árabe, de acordo com a Frontex, agência que monitora as fronteiras externas da União Europeia. Impulsionado por um aumento de fluxo de líbios e sírios, o número de tentativas de cruzamento para se chegar ao continente europeu nos oito meses deste ano já é quase equivalente ao total de investidas durante 2011 inteiro.
"A Líbia é um país com uma longa costa e muito pouco controle das fronteiras. Isso facilita o tráfico de pessoas", aponta Ewa Moncure, membra da Frontex, ao The Guardian.
Segundo o ACNUR, agência para refugiados da ONU, os sírios são a principal nacionalidade em trânsito, representando quase um quarto do total de imigrantes. Desde 2011, mais de 123 mil sírios pediram asilo à Europa.
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Pastores brasileiros usam psicanálise para cativar fiéis evangélicos


Numa noite chuvosa de quarta-feira, desci do ônibus na rua Brigadeiro Luis Antônio, região central de São Paulo, quase em frente a uma das unidades da Igreja Universal do Reino de Deus situadas na capital paulista. No portão, uma senhora e dois jovens distribuíam exemplares da Folha Universal, periódico evangélico que circula semanalmente por todo o país há vinte e um anos. Ela estendeu o jornal e convidou-me a voltar “qualquer dia desses para conhecer a palavra de Deus”. Respondi que estava prestes a fazer isso. “Entre que o Senhor vai te abençoar, querida”, disse sorrindo. Entrei.
A Universal do Reino de Deus é a maior entre as igrejas neopentecostais existentes no Brasil. Segundo o Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ela reúne mais de 1,8 milhão de fiéis espalhados por todas as regiões do país. Fundada em 1977 pelo bispo Edir Macedo num subúrbio do Rio de Janeiro, faz parte do movimento das igrejas evangélicas surgidas no final dos anos 1970, que se distanciam do pentecostalismo tradicional, principalmente porque pregam a prosperidade como via de aproximação com Deus.
Naquela quarta-feira à noite, perdi as contas de quantas vezes o pastor evocou a imagem do diabo para representar todos os males existentes na Terra. Mas num momento específico, ele decidiu falar sobre males mais concretos, muito contemporâneos, e comumente associados a tratamentos psicoterápicos, psicanalíticos ou mesmo psiquiátricos: o medo e a síndrome do pânico. “Grande parte das igrejas neopentecostais se pretende especializada no cuidado de três conhecidos ‘problemas’ humanos: a saúde, o amor e o dinheiro”, diz o psicanalista Wellington Zangari, doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo e vice-coordenador do Laboratório de Psicologia Social da Religião do Instituto de Psicologia da USP. “Para alguns pastores, não importa se existem médicos, psicólogos e outros profissionais de saúde para lidar com questões de doença. Há sempre uma interpretação bíblica para oferecer e vender saúde”.
Para ler o texto completo de Amanda Massuela clique aqui

Sociólogo vê Dilma longe do movimento social e Marina útil para a direita


Marina Silva (PSB) é um “desvio necessário'' para a direita voltar ao poder no Brasil e Dilma Rousseff (PT) se distanciou dos movimentos populares, mas esteve próxima do grande capital e da bancada ruralista durante seu governo.
A avaliação é do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, considerado um dos mais importantes intelectuais da esquerda na atualidade. Diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em Portugal, e professor da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, e da Universidade de Warwick, no Reino Unido, possui uma extensa produção sobre participação social, modelos de democracia e concepções de direitos humanos. Ligado a movimentos sociais brasileiros e globais, Boaventura veio ao Brasil lançar seu novo livro (O direito dos oprimidos, Editora Cortez) e deu entrevista ao UOL.
Para ler a entrevista de Boaventura de Sousa Santos clique aqui

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

ENTREVISTA: Mia Couto nas Fronteiras do Pensamento

Mia Couto abre hoje o ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento Mauro Vieira/Agencia RBS

Aos 59 anos, Mia Couto é um dos escritores mais festejados da língua portuguesa. Nascido em Beira, litoral de Moçambique, publicou 27 livros, entre contos, crônicas e romances, e no ano passado recebeu o Prêmio Camões, concedido pelos governos do Brasil e de Portugal. Ele abre o ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, no Teatro Pedro Ivo, em Florianópolis.  
Para ler a entrevista de Mia Couto clique aqui

"Dois corpos" - Octavio Paz


Dois corpos

Dois corpos frente a frente
são  às vezes duas ondas
e a noite um oceano
Dois corpos frente a frente
são às vezes duas pedras
e a noite um deserto
Dois corpos frente a frente
são às vezes raízes
na noite enlaçadas
Dois corpos frente a frente
são às vezes navalhas
e a noite um relâmpago
Dois corpos frente a frente
são dois astros que caem
num céu vazio

Octavio Paz

Você conhece Deus?


Bilhões de pessoas afirmam "conhecer" Deus. Como todas elas poderiam estar erradas? Simples. Apenas ouça-as. Se dez pessoas afirmam conhecer o seu amigo Jimmy, mas todas elas descrevem Jimmy de maneiras diferentes e incompatíveis, então ou elas não conhecem Jimmy, ou Jimmy esteve contando alguma mentirinha.
Veja este vídeo clicando aqui

"O ódio à democracia” - Jacques Rancière

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Em meio a um acalorado debate eleitoral, a Boitempo lança O ódio à democracia, do filósofo francês Jacques Rancière. Curto e provocativo, o ensaio faz um irreverente e erudito giro pela história da filosofia política para jogar nova luz sobre alguns dos principais impasses da democracia e da esquerda hoje. Nas palavras deSlavoj Žižek, “nos atuais tempos de desorientação da esquerda, o texto de Rancière oferece uma das raras conceitualizações consistentes de como continuar a resistir.”
Para ler o texto completo clique aqui

Jorge Furtado: “Voto contra tudo isso que está aí”


Se alguém me dissesse, em 2004 – quando o primeiro governo Lula sofria a oposição feroz de toda a mídia brasileira e tinha pouco ou nada para mostrar de resultados – que em dez anos o segundo turno da eleição presidencial seria disputado entre duas ex-ministras do governo Lula, uma pelo Partido dos Trabalhadores e uma pelo Partido Socialista Brasileiro, eu diria ao meu suposto interlocutor que a sua fé na democracia era um comovente delírio. A provável ausência, pela primeira vez no segundo turno das eleições presidenciais, de candidatos da direita autêntica, do PSDB, do DEM e do PTB, é mais uma boa notícia que a democracia nos traz. Imagina-se que, vença quem vença, muitos dos derrotados voltarão correndo para os braços confortáveis do novo governo, esta é a má notícia.
Tenho familiares e bons amigos que vão votar na Marina e também no Aécio. Eu vou votar na Dilma. Acho que foi o Todorov quem disse (mais ou menos assim) que a democracia nos reúne para que a gente resolva qual é a melhor maneira de nos separar. Não sou nem nunca fui filiado a qualquer partido, já votei em vários, tenho amigos em alguns. Neste que é o maior período democrático da nossa história (25 anos, sete eleições consecutivas), o Brasil não parou de melhorar e não há nada que indique que vá parar de melhorar agora.
Pra ler o texto completo de Jorge Furtado clique aqui´
Leia também o texto "O retrato cubista de Marina Silva" de Urariano Mota clicando aqui

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Onde Augusto Boal investiga a banalidade do mal

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Os dias de prisão vivenciados por Augusto Boal são objeto específico de dois de seus livros, ambos concebidos e iniciados no cárcere e escritos durante o exílio: a peça teatralTorquemada (1972) e o romance Milagre no Brasil (1979). Apesar de o romance ter sido escrito posteriormente, é nele que vamos encontrar indicações mais precisas dos elementos episódicos e temáticos que foram transpostos e trabalhados ficcionalmente na obra dramática. Quanto a sua autobiografia, servimo-nos dela para demarcar as mudanças de tom e enfoque operadas pelo autor ao abordar retrospectivamente a experiência carcerária a partir de uma perspectiva temporal mais dilatada que a das obras anteriores.
Para ler o texto completo de Ovídio Poli Junior clique aqui

A longa transição de escrava a empregada doméstica

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A despeito de vários estudos realizados nas últimas décadas, a transição da escravidão para o trabalho assalariado no Brasil é um tema que ainda precisa ser esmiuçado. Que destinos tiveram os ex-escravos? Que novas relações de trabalho lhes foi possível estabelecer? Que profissões exerceram? Como conviveram com a chegada maciça de imigrantes europeus? Onde habitavam e em que condições?
Um novo livro, recém-publicado com apoio da FAPESP, ajuda a responder a perguntas como essas. Trata-se de Libertas entre sobrados: mulheres negras e trabalho doméstico em São Paulo (1880-1920), de Lorena Féres da Silva Telles.
Graduada em História pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Université Paris IV-Sorbonne, Lorena é atualmente doutoranda, com bolsa da Fapesp. Seu livro resultou de dissertação de mestrado orientada pela historiadora Maria Odila Leite da Silva Dias, professora titular aposentada da USP.
Para ler o texto completo de José Tadeu Arantes clique aqui

Bens comuns: da privatização à democracia real

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O setor público, a máquina do Estado, com os seus ministérios, secretarias, divisões de poder, direito público administrativo e outras heranças institucionais estão sendo pressionados pela chamada modernidade. É significativo que quase todos os países disponham hoje de ministérios ou departamentos de reforma administrativa, pois com a expansão das políticas sociais, a urbanização generalizada e o poder das novas tecnologias de informação e comunicação, os pontos de referência estão se deslocando radicalmente. Sentimos os arranjos institucionais existentes como congelados no tempo.
Bastante mais precário ainda, no entanto, é o referencial jurídico e administrativo das organizações da sociedade civil, e de forma geral emerge como desafio a dimensão participativa das nossas democracias. Quando vemos manifestações como as de junho de 2013 no Brasil, mas também mobilizações semelhantes nos mais variados países, com milhões de pessoas saindo à rua para fazer política – centrada nos protestos contra os bancos privados e Wall Street ou contra os governos, reclamando regulação financeira ou saúde e mobilidade urbana, ou ainda democracia na gestão dos recursos em geral – aparece claramente a fragilidade das correias de transmissão, digamos assim, entre as necessidades e interesses das populações e os aparelhos administrativos estatais.
Para ler o texto completo de Ladislau Dowbor clique aqui

Ateia, ela quer “bater na porta do céu”

Quem é Lisa Randall, física materialista que lança hipóteses inovadoras sobre gravidade, além de filosofar sobre ciência, religião, simetria e verdade 
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Por <b>Flávio de Carvalho Serpa</b>, na Retrato do Brasil

Meio constrangida por seus belos olhos azuis que lembram a cinematográfica Jodie Foster, a nova-iorquina Lisa Randall coleciona feitos de causar espanto na maioria dos colegas de ciência. E assédios também. Ira Flatow, premiado âncora da rádio pública americana NPR, acabou nas páginas do New York Times por uma imprudência no ar. O blog de ciênciaCosmic Variance acusou Flatow de estar passando uma cantada ao vivo na cientista, sem falar no conteúdo machista implícito do tipo “bonita e inteligente”.
Aos 49 anos, solteira e sem filhos, Randall é altamente competitiva, acredita no poder dos desafios e não quer nenhum desconto por ser mulher, como ela não cansa de repetir. Seu currículo dá inveja a qualquer marmanjo barbudo da área de física teórica. Além de ser a primeira mulher titular na cadeira de Física em Harvard, a universidade mais conceituada do mundo, ela coleciona as primeiras titularidades femininas em Princeton e no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). E foi a pessoa que mais se destacou em física teórica em todo o planeta durante cinco anos, período em que ocorreram mais de 10 mil citações de seu trabalho por outros cientistas.
Para ler o texto completo de Flávio de Carvalho Serpa clique aqui

Banco Mundial diz que Cuba tem o melhor sistema educativo da América Latina e do Caribe


Na América Latina, os professores de educação básica (pré-escolar, primária e secundária) constituem um capital humano de 7 milhões de pessoas, ou seja, 4% da população ativa da região, e mais de 20% dos trabalhadores técnicos e profissionais. Seus salários absorvem 4% do PIB do continente e suas condições de trabalho variam de uma região para outra, inclusive dentro das fronteiras nacionais. Os professores, mal remunerados, são, em sua maioria, mulheres — uma média de 75% — e pertencem às classes sociais modestas. Além disso, o corpo docente supera os 40 anos de idade e considera-se que esteja “envelhecido”.

O Banco Mundial lembra que todos os governos do planeta escrutinam com atenção “a qualidade e o desempenho dos professores” no momento em que os objetivos dos sistemas educativos se adaptam às novas realidades. Agora, o foco está na aquisição de competências e não apenas no simples acúmulo de conhecimentos.
Para ler o texto completo de Salim Lamrani clique aqui

Contra o catastrofismo

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Quem queira se refugiar no catastrofismo tem um prato cheio no mundo de hoje. Pode seguir, diariamente, destacando os descalabros das guerras, da miséria, das crises econômicas, das instabilidades políticas, das ameaças ambientais, entre outros.
Porque o capitalismo, mesmo triunfando  na guerra fria, não conseguiu retomar um ciclo expansivo da economia. Ao contrário, no próprio centro do sistema, em suas regiões mais ricas, já faz 6 anos que há uma crise recessiva profunda, que destrói o Estado de bem estar social – sua melhor construção histórica. As economias norte-americana e europeia não têm horizonte para voltar a crescer, difundindo suas tendências recessivas para o conjunto do sistema.
Para ler o texto completo de Emir Sader clique aqui

"Jean Rouch: o cineasta da máquina de escrever ou o escritor da câmara de filmar"

Jean Rouch nas Asas do Vento

Numa parte significativa da sua obra cinematográfica de investigação etnográfica, Jean Rouch estuda exaustivamente o misterioso sistema cosmológico da cultura Dogon (no Mali), as batalhas fluviais dos pescadores Sorko com os hipopótamos (no Níger), as perseguições aos leões protagonizadas pelos caçadores Gaos (no Níger). O princípio gerador dos seus filmes, ostentados por procedimentos empíricos, é estruturado segundo um verdadeiro sistema coerente e organizado. Sistema que podemos nomear também de armadilha de eventos, de relatos, de ficções, de metamorfoses. «Porque através da diversidade de formas, de figuras e de lugares que esse procedimento toma de empréstimo ao longo de seu percurso aventuroso, e até nos seus caprichos, no seu movimento de vaivém entre as técnicas e as culturas, é uma verdadeira poética que se constitui, com suas leis, com as suas regras.» (Fieschi, 2011: 184-185). E quando fomos apanhados por estas “armadilhas” cinematográficas, não só ficámos fascinados pelo seu cinema ao vivo, como, paralelamente, se destacava a sua voz amena e interpretativa que ia narrando os filmes, aparentando poder existir, por detrás dessa oralidade, textos (parece-nos curioso termos detetado esta voz literária inicialmente nos filmes consagrados ao ciclo cerimonial Sigui – ritual onde se comemora a invenção da primeira palavra).
Para ler o texto completo de Yves Bergeret clique aqui

MIA COUTO: "Guardar memórias, contar histórias e semear o futuro"

Escritor Mia Couto contou suas histórias durante Aula Magna da UFRGS - Foto: Gustavo Diehl

As memórias de Mia Couto habitaram os 80 anos UFRGS. Durante a Aula Magna 2014/2, para uma plateia que desde as primeiras horas da manhã formou fila para assistir o escritor, Mia Couto fez confissões, contou passagens que o constituíram como poeta e deixou um recado sobre a fugacidade do tempo no presente.
“O que eu venho trazer aqui é uma espécie de confissão, e episódios que vivi e que se constituíram como espécie de referências, de pilares como escritor”, disse o moçambicano logo no início de sua conferência. A partir daí, falou de sua infância, das histórias que ouvia dos pais antes de dormir, do balé das saias das mulheres na cozinha de sua casa, enquanto fazia as lições escolares. “No chão da cozinha que me fiz poeta”, contou.
Filho de imigrantes portugueses que viviam em Beira - Moçambique, cidade onde nasceu, Mia Couto lembrou a África colonial daqueles anos, em que havia uma forte divisão entre o lado europeu e o “outro”, que era o negro africano. Esse lado africano foi sentar em seu quarto, como contou Mia Couto nesta manhã. O escritor colocou também, como elementos constituintes de sua personalidade, a força da oralidade moçambicana e os momentos de guerra. Seu país viveu 16 anos de guerra civil, que deixou mais de um milhão de mortos, e que só teve fim com a paz assinada em 1992.
Na Aula, Mia Couto não teve a pretensão de professar e transmitir ideias, mas compartilhar momentos em que o tempo tomou conta de si. “Eu vivi esses momentos, como se o verbo viver não fosse o suficiente, não fosse o bastante. Essas lembranças, esses tempos habitam o hoje, como se fossem sonhos, como se fossem os únicos sonhos a que tenho acesso. É como se eles tivessem chegado a um entendimento: não somos nós que guardamos lembranças, ao contrário, as lembranças é que nos guardam a nós. As memórias, que parecem etéreas, fragmentadas, elas são uma postura ética, que constrói essa totalidade que é nossa alma.”
O escritor afirmou que devemos ser sujeitos, autores da nossa própria narrativa, que é nossa vida. Disse que vivemos em tempo em que tudo nasce transitório, nasce já morrendo, estamos à espera que chegue a última versão. “Estamos correndo, é uma espécie de corrida infrutífera para não ficarmos desatualizados. Então, vivemos nesse tempo que tudo é simultâneo, que tudo é imediato, tudo é voraz.”, colocou, e se perguntou “Como isso aconteceu?”. Ao que respondeu: “Eu acho que é uma coisa que se chama ‘o mercado’, que eu acho que é uma coisa muito terrível, por não ter rosto, nem tem nome. Impôs-nos um outro tempo, um tempo do consumo, que se consome a si próprio e que nos consome a nós. Nós lamentamos sempre ‘não temos tempo’, mas eu acho que nós não precisamos de mais tempo, nós precisamos de um tempo que seja nosso. Já não é uma questão de quantidade é uma questão de soberania, e nesse tempo que seja nosso, nós temos que encontrar intimidade com as coisas que nos são próximas”.
Ao encerrar, reforçou o poder das histórias: “Eu acredito que as histórias não salvam o mundo, mas podem incutir o desejo da utopia e do mundo em mudança. A gente pensa que contar histórias é uma competência dos escritores, não é. Todos nós somos produtores e somos produtos de pequenas histórias”.
Para ver a palestra de Mia Couto clique aqui

terça-feira, 2 de setembro de 2014

"Soneto Puro" - Ledo Ivo


Soneto Puro

Fique o amor onde está; seu movimento nas equações marítimas se inspire para que, feito o mar, não se retire de verdes áreas de seu vão lamento. Seja o amor como a vaga ao vago intento de ser colhida em mãos; nela se mire e, fiel ao seu fulcro, não admire as enganosas rotações do vento. Como o centro de tudo, não se afaste da razão de si mesmo, e se contente em luzir para o lume que o ensolara. Seja o amor como o tempo – não se gaste e, se gasto, renasça, noite clara que acolhe a treva, e é clara novamente.

Ledo Ivo

MÍDIA & CIÊNCIA: Uma caracterização histórica do darwinismo


Poucos assuntos científicos rivalizam com a biologia evolutiva em termos do grau de interesse que despertam entre leitores e o público em geral. Não é de estranhar, portanto, que os holofotes da mídia estejam constantemente voltados para temas e assuntos próprios dessa área – ver, por exemplo, o rol de matérias publicadas recentemente pelaeditoria de Ciência da Folha de S.Paulo. É preocupante perceber, no entanto, que boa parte do material produzido entre nós se caracteriza pelo tratamento superficial, pelo sensacionalismo ou pela elevada densidade de erros e mal-entendidos conceituais.
Tenho flagrado a ocorrência desses problemas em uma ampla variedade de obras, incluindo livros-textos, teses universitárias, artigos técnicos e de divulgação, além, claro, de uma grande quantidade de matérias e artigos publicados na mídia – ver, nesteObservatório, os artigos “Somos todos africanos“, “A hipótese do cozimento e a evolução humana“, “Quando a ausência não é uma falha“, “Considerações acerca do envelhecimento“ , “Nem sempre é culpa da mídia“ e “Com quantos ‘efes’ se escreve ‘evolução’?“ .
Em uma tentativa de organizar, equacionar e esclarecer alguns desses problemas, este artigo traça um esboço da história do darwinismo ao longo dos últimos 150 anos. Evitei, no entanto, indicar exemplos negativos. Ênfase é dada a três períodos históricos mais ou menos distintos, embora aqui frouxamente delimitados: o darwinismo primordial (1858-1889), o neodarwinismo (1892-1910) e a síntese evolutiva (1918-1950). Autores, obras e avanços que marcaram cada período são apresentados e resumidamente discutidos. Procurei minimizar o uso de jargão técnico, mas, em caso de dúvida, o leitor interessado no assunto deveria consultar algum livro-texto de biologia evolutiva (e.g., FREEMAN & HERRON 2009).
Para ler o texto completo de Felipe A. P. L. Costa clique aqui

ANTONIO GRAMSCI (1891-1937): Uma reflexão sobre a natureza do jornalismo


Meu objetivo com este artigo é contribuir para tornar mais conhecida a trajetória e os escritos jornalísticos do filósofo marxista italiano Antonio Gramsci (1891-1937), desde seus anos inicias em Turim até a fundação de L’Unità, jornal oficial do Partido Comunista da Itália (PCI), do qual foi redator-chefe. Suas atividades como jornalista se vinculam, na maior parte do tempo, a militância como intelectual, ativista revolucionário e líder comunista.
Elas foram interrompidas apenas em 08 de novembro de 1926, quando foi detido pela ditadura fascista devido às leis de exceção decretadas por Benito Mussolini, após ter revogadas suas imunidades como deputado eleito pelo PCI em 06 de abril de 1924. Mesmo com as terríveis condições do cárcere, Gramsci encontrou ânimo para escrever notas teóricas sobre a imprensa, o jornalismo e os jornalistas. Seus textos oferecem contribuições relevantes para a reflexão crítica sobre a ética profissional e a necessidade da diversidade informativa e a pluralidade de vozes nos noticiários e em espaços de opinião.
Para ler o texto completo de Dênis de Moraes clique aqui

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

"Avesso" - Roseana Murray


 Avesso

Atravessaria um rio grosso                                                                

no meio da noite
para decifrar tuas pegadas,
o rastro luminoso dos teus olhos.

Atravessaria a superfície

silenciosa dos espelhos
para ver o teu avesso.

Caminharia sobre água

e fogo
para soletrar teu corpo.

Roseana Murray

"Feeling good": dois intérpretes para a lendária canção de Nina Simone



Para ver a interpretação de “Feeling good” pelo canadense Michael Bublé clique aqui


Para ver a interpretação de “Feeling good” pelo inglês George Michael clique aqui



Žižek e o Estado laico

14.09.01_Zizek Estado laico

Em meio a discussões acaloradas sobre a laicidade do Estado num Brasil em pleno debate eleitoral – um dos países mais religiosos do mundo, mas também um dos que mais sofre com violência contra a mulher, minorias LGBT e negros (evidentes, como vimos recentemente, nos rituais coletivos nacionais mais populares como o futebol) – Slavoj Žižek, que acaba de publicar no Brasil Violência, seis reflexões laterais (Boitempo, 2014), reflete sobre os impasses da sociabilidade contemporânea entre a ideologia do multiculturalismo e o fundamentalismo arraigado. Comentando o recente escândalo de Rotheram, junto com outros casos no mundo inteiro de violência contra a mulher, o filósofo esloveno, chama atenção para o fato de que “em todos esses casos a violência não é uma explosão espontânea de energia brutal que rompe as amarras dos costumes civilizados, mas algo aprendido, imposto externamente, ritualizado, parte da substância coletiva de uma comunidade”.
Para ler o texto de Slavoj Žižek clique aqui

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