quinta-feira, 31 de julho de 2014

"Saudade" - Alice Ruiz


SAUDADE
DE VER SALINAS
SENTIR DE NOVO
O CHEIRO DO SOL
NAS RETINAS

TOCAR VOCÊ
E VER VOCÊ SENTIR
O QUE TEM DE SAL
NO MEU GOSTO DE MENINA

Alice Ruiz

Autorretratos que colocam no 'bolso' qualquer selfie


O artista Klassy Goldberg compilou numa página online uma série de autorretratos que elevam para um patamar inexplicável qualquer tipo de selfie. São imagens que primam pela exatidão e pela cor.
Para ver os autoretratos clique aqui

Harvey: A violência nas ruas e o fim do capital

14.07.28_David Harvey_A violência nas duas e o fim do capital

O artigo a seguir é um trecho editado do mais recente livro de David Harvey, 17 contradições e o fim do capitalismo, em que o geógrafo britânico identifica e disseca didaticamente todas as contradições do capital segundo a análise feita por Marx – para ele, seriam exatamente dezessete. Neste trecho, que a Boitempo antecipa com exclusividade em seu Blog, Harvey procura tecer os fios de um novo humanismo revolucionário, entre a contraditória proliferação de ONGs e as explosões violentas nas ruas, no Brasil e no mundo.
Para ler o trecho do livro de David Harvey clique aqui

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Para além do sujeito isolado: modelos antropológicos para pensar a educação


Como explicar a parca atenção que a área da educação reservava e, até certo ponto, continua a reservar para a interrogação sobre o humano? Posto que a introdução da questão antropológica não implica necessariamente a volta aos engodos das verdades universais, nem se opõe, por definição, aos “recortes” a que se submete a realidade, o que se abre para nós é a via para as interrogações de que se alimenta a prática da formação e para as elucidações (provisórias e limitadas) que a teoria lhe deve. E entre elas estão, antes de quaisquer outras, aquelas que se referem aos “tipos antropológicos” da escola: o professor e o aluno. Eis o que nos conduziu à crítica da noção de interioridade e à tentativa de elucidação das bases filosóficas do duplo isolamento em que se constrói a identidade contemporânea: em relação ao outro – mundo, materialidade, mas também sociedade e relações sociais – e em relação a si mesmo – heteronomia no processo de autoconstituição e de construção identitária.
Para ler o texto completo de Lílian do Valle clique aqui

Há cem anos, a barbárie

Captura de tela de 2014-07-29 08:29:38

Nenhum desastre na história do mundo foi mais previsível nem de preparação mais demorada. O grande romance de Robert Musil, O homem sem qualidades,[1] mostra a elite vienense nos meses antes da guerra, com suas preocupações pequenas, sem se dar conta de que o mundo dela estava às vésperas de sumir. É o maior antirromance europeu, porque a premissa autorreferencial – os protagonistas não sabem o que todos os leitores sabem – impede que o romance tenha fim. Não há escolhas certas, porque nada pode impedir que aquele mundo-bolha exploda. Depois de Musil – meta-Musil, por assim dizer – vem a grande evacuação. O romance é considerado obra-prima no mundo de língua alemã. Poucos norte-americanos o conhecem e, dentre esses, ainda menos são os que compreendem o romance.
Agora, quando se aproxima o 100º aniversário da 1ª Guerra Mundial, ouviremos número infindável de variações de lamentos pela Civilização Ocidental. Todos dirão mais ou menos o seguinte: no auge de sua prosperidade, de descobertas científicas e de realizações de grande arte, as nações europeias, de repente, inexplicavelmente, mergulharam em massacres mútuos e prepararam o terreno para o grande massacre que viria, de 1939 a 1945. Nada disso. Está errado, simplesmente errado.
Para ler o texto completo de David P Goldman clique aqui

Oito manchetes que a grande mídia não tem coragem de imprimir

Garoto lê jornal na entrada da biblioteca pública em Milwaukee (EUA), durante o período da Grande Depressão: atualmente declina o número de leitores de jornais nos Estados Unidos

Os destaques a seguir dizem respeito a assuntos relevantes e baseados em fatos; são as "notícias importantes" que a mídia tem a responsabilidade de divulgar. No entanto, a imprensa corporativista geralmente as evita.
1. A riqueza nos Estados Unidos cresceu em US$34 trilhões desde a recessão. Mais de 90% da população não recebeu quase nada dessa quantia.
Isto daria, em média, US$100 mil para cada americano. Mas as pessoas que já possuem a maior parte das ações de empresas responsáveis pelo crescimento dessa riqueza receberam quase todo o dinheiro. Para eles, o ganho médio foi de cerca de um milhão de dólares – livre de impostos, desde que não contabilizado.

2. Oito americanos ricos ganharam mais do que 3,6 milhões de trabalhadores que recebem salários mínimos
Um relatório recente afirmou que nenhum trabalhador que receba um salário mínimo nos EUA pode pagar pelo aluguel de uma residência de um ou dois dormitórios de acordo com os preços do mercado atual. Há 3,6 milhões de trabalhadores nestas condições, e seus salários somados ao longo de todo o ano de 2013 é inferior aos ganhos no mercado de ações de apenas oito investidores americanos durante o mesmo ano; todos eles são empresários que mais tiram do que contribuem para a sociedade: os quatro Waltons (donos da cadeia de supermercados Wal-Mart), dois Kochs (donos da Koch Industries), Bill Gates e Warren Buffett.

Para ler o texto completo de Paul Buchheit clique aqui

Boito visita "canteiro de obras" do novo marxismo


A teoria política contemporânea, mais especificamente a teoria política marxista, merece uma reflexão polêmica e aprofundada no livro Estado, política e classes sociais, recém-lançado pelo professor Armando Boito Jr., do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. A obra reúne 12 ensaios produzidos pelo autor ao longo dos anos 2000, a maioria de natureza teórica, sendo um deles inédito. Nos textos, Boito apresenta, problematiza e desenvolve conceitos relacionados ao tema central, sempre à luz das discussões historiográficas. “A ambição maior desse trabalho é contribuir, ainda que modestamente, para a renovação da teoria marxista, o que exige uma atitude desprendida frente ao legado do marxismo e frente às novas pesquisas produzidas pelas ciências humanas”, afirma. Na entrevista que segue, o intelectual detalha alguns aspectos do livro e fala dos desafios para a construção de um marxismo renovado.
Para ler a entrevista de Armando Boito Jr. clique aqui

"Não vai ter verdade!"

14.07.29_Edson Teles_Forças armadas

Em meio às emoções e protestos durante a Copa do Mundo de futebol no país, as Forças Armadas, por meio do Ministério da Defesa, deram publicidade aos seus relatórios de sindicância sobre as práticas de violações de direitos humanos em suas dependências durante a ditadura militar. O documento atende a uma solicitação feita pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), instituição que apurou e confirmou as violações cometidas pelas Forças Armadas e solicitou a investigação dos documentos e com os agentes militares envolvidos nos fatos. Nos relatórios afirma-se que não foram encontrados registros formais “que permitam comprovar ou mesmo caracterizar o uso das instalações dessas Organizações Militares para fins diferentes dos que lhes tenham sido prescritos”, não permitindo “corroborar a tese apresentada por aquela Comissão [a CNV] de que tenha ocorrido desvio formal de finalidade”, ou seja, que tenham sido usadas como centro de tortura, assassinato e desaparecimento.
Para ler o texto completo de Edson Teles clique aqui

Grandes obras: um caminho contra a devastação

Barragem de Belo Monte, em Altamira. Um dos inúmeros casos em que se projeta e inicia a obra, para só mais tarde "corrigir" os impactos -- em geral de forma autoritária e burocrática

O melhor percurso entre a urgência desenvolvimentista contida nos grandes empreendimentos de infraestrutura que pipocam pelo País e o interesse dos povos que habitam as regiões impactadas durante as construções nunca foi tão pesquisado como agora. Um dos caminhos já identificados é o da criação de investimentos antecipatórios. Seria como inverter a ordem atual dos intrincados processos característicos das obras públicas de grande porte e seus modelos de financiamentos.
Por exemplo, projetos voltados para o desenvolvimento local – como o louvável Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS Xingu), que o governo federal está levando aos 12 municípios paraenses da Terra do Meio, impactados pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte – deveriam ser os primeiros a chegar aos territórios, muito antes de os canteiros de obras serem erguidos.
Para ler o texto completo de Magali Cabral clique aqui

Nipsters: o nazismo usa máscaras na Alemanha


O atual movimento neonazista alemão vem buscando novos recrutas na subcultura dos jovens com barbas, sacolas de pano, óculos antigos e faixas com slogans nazistas. Ao se deparar com o número cada vez maior dos chamados hipster em manifestações anti-imigrantes organizadas pela extrema-direita, a mídia local apelidou-os de “nipsters”, relata longa reportagem de Thomas Rogers para revista Rolling Stones.
Assim como a propaganda foi essencial ao regime do Terceiro Reich, as redes sociais têm sido a principal plataforma do movimento. Os jovens usam intensamente o YouTube, Tumblr, Instagram e outras redes sociais para ganhar mais apoio na Alemanha, disse à revista Patrick Schroeder, um dos líderes do movimento no nordeste da Bavária, onde pretende dar um rosto social e político mais descolado à extrema-direita alemã.
Para ler o texto completo de Cauê Seignemartin Ameni clique aqui

Nosso Judiciário de duas caras

Desembargador Airton Vieira/ Fotos/ilustração sob reprodução de imagens do documentário “Bagatela”

O fazendeiro G.B., de 80 anos, foi preso em fevereiro de 2011 quando mantinha relações sexuais com X, uma menina de 13 anos, dependente de álcool e drogas, em uma camionete estacionada no meio de um canavial. Outra menina, Y, de 14 anos, já havia masturbado o homem e também se encontrava dentro do veículo. Pelo serviço, X recebeu R$ 50. Y ficou com R$ 20. A ordem de prisão em flagrante foi dada pela Polícia Militar.
Como X era, na ocasião dos fatos, menor de 14 anos, a Justiça de Catanduva (384 km de São Paulo) condenou G.B. a oito anos de prisão em regime fechado por estupro de vulnerável. Mas o fazendeiro ficou apenas 40 dias detido. Recorreu da condenação e o Tribunal de Justiça de São Paulo reverteu a condenação, que virou absolvição.
Isso, apesar de o artigo 217-A, introduzido no Código Penal pela Lei nº 12.015, de 2009, ser claríssimo ao definir o chamado “estupro de vulnerável” como a conjunção carnal ou a prática de outro ato libidinoso com menor de 14 anos. Pena: reclusão, de 8 a 15 anos. Pelo mesmo artigo, define-se que incorre em igual pena quem mantenha relações sexuais com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
Para ler o texto completo de Laura Capriglione e Joana Brasileiro clique aqui

Fotos de crianças e animais numa rústica aldeia da Polônia

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Para ver as fotos de crianças e animais numa rústica aldeia da Polônia clique aqui

Crítica a certa crítica do amor

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Numa célebre passagem da sua obra, Jorge Luis Borges põe um narrador a conversar com um velho chinês. O idoso explica-lhe que uma infinidade de possibilidades coexistem num mesmo tempo, mas em mundos paralelos – como na parábola do gato de Schrödinger, fundadora da moderna física quântica, em que no momento em que abrimos uma caixa, com veneno e um gato, o felino está ao mesmo tempo morto e vivo. Diz o chinês da história de Borges: “Não existimos na maioria desses tempos; em alguns existe você e não eu; noutros eu e você não; noutros os dois. Neste que a sorte me permite, você chegou a minha casa; noutro, você está atravessar o meu jardim e encontra-me morto.”
Perdemos um ônibus por 30 segundos e encontramos alguém que de outra maneira teríamos falhado. O amor é um verdadeiro acaso. Escrevia Niklas Luhmann, “o amor não é apenas uma anomalia, mas antes uma improbabilidade absolutamente normal”. No processo amoroso, um encontro fortuito abre a possibilidade de criar um mundo, através da capacidade de ver a partir da diferença a dois. Segundo Badiou, ele não nos leva para “cima” nem para “baixo”, permite-nos construir um mundo de uma forma descentrada da visão, que ultrapassa o nosso simples interesse individual. Modifica o tempo e “inventa uma forma diferente de durar na vida”. É um duro desejo de durar, mas é sobretudo a assunção de um desejo de uma duração desconhecida.
A esta ideia de um amor que constrói a partir de um encontro fortuito uma verdade que dura no tempo, opõe-se a concepção de que o amor não passa de uma capa ideológica para a reprodução, em que a paixão não seria mais que a sua prisão.
Para ler o texto completo de Nuno Ramos de Almeida clique aqui

O mito do Intrépido Capitalista Inovador

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Um jovem navega no seu iPhone. Ele mexe em sua tela touchscreen com a mesma desenvoltura com que fala:
- O Estado é ineficiente. É um obstáculo ao desenvolvimento. Não inova. E não incentiva a inovação. É um péssimo empreendedor. Não estou certo? O Estado não é um paquiderme letárgico e incompetente?
Ele indaga para o sistema operacional do seu iPhone (sua única companhia em muito tempo). O sistema operacional fêmea reconhece a sua voz prontamente. Após uma busca (velocíssima) em seu banco de dados, a voz feminina responde parafraseando Caetano Veloso:
- Como você é burro. Que coisa absurda. Isso aí que você disse é tudo burrice. Burrice.
Para ler o texto completo de Leonardo Gomes Nogueira clique aqui

Paraty, a festa em que os escritores "acontecem"



A Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) estava a acontecer e um rapaz que sonhava ser escritor percorria as ruas da cidade brasileira numa “motoca velha”, entregando comida. Fazia sempre de forma a passar perto da grande tenda onde alguns dos seus autores preferidos falavam para o público que enchia todo o espaço. O rapaz chamava-se Flávio de Araújo, era filho de pescadores da Praia do Sono, e sentia-se totalmente frustrado. “A maior festa literária da América Latina estava acontecendo no quintal de minha casa e eu não podia participar.” Distraído a pensar nisso, quase atropelou aquele que era “um dos grandes nomes dessa edição”: o escritor e poeta britânico Benjamin Zephaniah. “Fiquei transtornado. Pensei: ‘pôxa, não posso ficar atropelando escritores com acebolados e parmiggianas’.” Percebeu que não dava mais para adiar. Decidiu “abrir mão da motoca velha” e mostrar os seus textos a alguém.
Para ler o texto completo de Alexandra Prado Coelho clique aqui

CZARDAS tocadas com ERHU ("Violino"Chinês)


Com apenas duas cordas, toca uma melodia comovente única, que soa como a voz humana. O Erhu leva o título de instrumento mais antropomorfizado e exprime toda a emoção interior do músico. A música Czardas, de Monti, é de difícil execução em violino de 4 cordas; imagine executá-la em apenas duas.
Para escutar a interpretação das “Czardas” clique aqui

Reinaldo Azevedo e a direita delirante

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A direita brasileira já foi melhor. Teve nomes como Roberto Campos e José Guilherme Merquior entre seus quadros, formulando sobre teoria econômica e política internacional. Naquele tempo, a direita recorria a argumentos, além do porrete. Hoje restou apenas o porrete, aplicado a esmo sem maiores requintes de análise.
Impressiona o baixo nível intelectual dos representantes da direita no debate público nacional. Não elaboram, não buscam teoria nem referências. Não fazem qualquer esforço para interpretar seriamente a realidade. Apenas atiram chavões, destilando preconceitos de senso comum e ódio de classe.
Reinaldo Azevedo é hoje o maior representante dessa turma. Com 150 mil acessos diários em seu blog mostra que há um nicho de mercado para suas estripulias. Ao lado dele tem gente como Rodrigo Constantino, aquele que se orgulha das viagens a Miami e se despontou como legítimo defensor dos sacoleiros da Barra da Tijuca.
Para ler o texto completo de Guilherme Boulos clique aqui

A questão do outro e o diálogo


Considerando o caráter interativo do processo pedagógico, a compreensão da relação entre o eu e o outro, entre o próprio e o estranho, amplia a discussão ética, com largas consequências para a educação em sociedades pluralistas. Como não podemos supor nenhuma certeza social nem antropológica de determinada forma de moral para daí em diante ordenar o mundo da vida e suas condições de aplicação, 
os esforços a respeito das questões éticas em educação devem se direcionar a uma “heurística moral do pensamento e da ação pedagógica” (Zirfas, 1999, p. 33),1 o que inclui múltiplas tarefas, desde a justificação das normas até o esclarecimento das motivações da ação moral e de seus paradoxos. Nessa perspectiva, assume relevância a pergunta pelo outro e se é possível a educação fazer justiça à sua singularidade, o que invoca também a pergunta pela possibilidade de o diálogo constituir-se em um modo de acesso ao outro. Esse tema interpela o processo formativo, trazendo o confronto com os limites de pressupostos teóricos que apresentam dificuldades históricas no reconhecimento daquilo que escapa aos padrões idealizados. 
Para ler o texto completo de Nadja Hermann clique aqui

Telaviv: assim se fabrica a guerra infinita

Checkpoint na passagem entre a Cisjordânia palestina e territórios ocupados por Israel. "Na década passada, populações foram separadas. Únicos encontros se dão em situação de violência", diz Gideon
“Checkpoint” entre a Cisjordânia palestina e territórios ocupados por Israel. “Na década passada, populações foram separadas. Únicos encontros se dão em situação de violência”, diz Lewy

Israel não deseja a paz. Nunca quis tanto que estivesse errado o que escrevo. Mas as evidências se acumulam. Na verdade, pode-se dizer que Israel nunca desejou a paz – uma paz justa, ou seja, baseada num acordo justo para ambos os lados. É verdade que a saudação rotineira em hebreu é Shalom (paz) – shalom quando alguém se despede eshalom quando alguém chega. E quase todo israelense dirá sempre que deseja a paz, claro que sim. Mas ele não se refere ao tipo de paz que traz justiça, sem a qual não há paz e não haverá paz. Os israelenses desejam paz, não justiça; certamente nada que se baseie em valores universais. Nos últimos dez anos, aliás Israel afastou-se até mesmo da aspiração de construir a paz. Desistiu completamente dela. A paz desapareceu da agenda, seu lugar foi tomado por ansiedades coletivas, fabricadas sistematicamente, e por questões pessoais, privadas, que agora têm prioridade sobre todas as outras.
Para ler o texto completo de Gideon Lewy clique aqui

O riso a cavalo e o galope do sonho

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A vida de todos nós está sempre nos preparando surpresas, umas difíceis, outras boas… Entre os bons acontecimentos da minha, está o privilégio de ter encontrado Ariano Suassuna e com ele ter convivido, por muitas semanas, viajando pelo sertão, realizando oO Nordeste de Ariano, com produção e concepção de roteiro de Wagner Campos e Alexandre Nóbrega, produzido pelo SESC Nacional.
Juntos, varamos os sertões do Ceará, Alagoas, Sergipe e Bahia, só parando quando ouvimos a pancada do mar, o denso areal de Aracati, onde Dom Sebastião – o Desejado se desencanta, com seu exército aluminoso, em noite de lua cheia. Nestas andanças, erudito e simples na paciência professoral, Ariano foi-se adentrando, nas artes barrocas populares e nas lendas do povo, nas antropologias e interpretações da nação brasileira… De tudo falou: de índios, de negros, de cafuzos, de brancos, de beatos, de cangaceiros, de lutas e revoluções. “Oropa, França e Bahia” que se reinventam Brasil – pátria dos encontros de todas as etnias e de todas as culturas, sob o signo da universalidade e singularidade que nos engrandece e irmana.
Para ler o texto completo de  Rosemberg Cariry clique aqui

"Para não deixar de amar-te nunca" - Pablo Neruda


Para não deixar de amar-te nunca

Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.

Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.

O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

Pablo Neruda

LÍNGUA & LINGUAGEM: Modo de dizer


Idiomas não são inteiramente redutíveis uns aos outros. Palavras e expressões à primeira vista equivalentes podem carregar conotações distintas, que reverberam além do alcance dos tradutores. Daí a eventual necessidade ou de manter certas coisas na língua original ou de fazer meias-solas em pés de página. Portanto, o adágio “tradutor, traidor” não é acusação, mas necessidade. O bom profissional trai para se manter fiel.
Pense na dificuldade que tradutores do português têm com “saudade”. Ao que consta, não há equivalente em outro idioma. O alemão possui uma palavra aparentada, Sehnsucht. Esta, no entanto, fala de um sentimento difuso de incompletude, ao passo que “saudade” tem um objeto determinado. Sente-se saudade de uma pessoa, um lugar.
Em junho, lancei mão de uma expressão em inglês para falar do que sinto pelo ministro Joaquim Barbosa: mixed feelings. Traduzir para “sentimentos misturados” não dizia exatamente o mesmo. Traduzir pelo jargão psi, para “dissonância cognitiva”, explicaria algo que não era para ser explicadinho. Daí meu apreço por mixed feelings.
Para ler o texto completo de Arthur Dapieve clique aqui

PORTUGAL/MOÇAMBIQUE: Os "filhos espúrios" que a República enviou para o Niassa


Carlos Tavares de Andrade Afonso dos Santos ficou conhecido na história da literatura portuguesa com o pseudónimo de Carlos Selvagem, mas nos primeiros dias de Junho de 1916, quando era a hora de recolher à sua camarata do vapor Moçambique que o levava para a guerra na fronteira do Rovuma, no Norte de Moçambique, a sua identidade literária soava a falso. Selvagem ficava perturbado e sensível. Na escuridão do navio, na solidão do mar, rodeado por mais de mil almas que entre a ignorância e o enjoo não tinham a mais breve ideia do que os esperava, não conseguia fugir ao vazio, ao medo e à saudade. E chorava. “Na escuridão, por pudor, pode livremente chorar-se, em silêncio, com uma volúpia amarga. E chora-se, chora-se, mansamente, por muito tempo. O que será de nós, em alguns meses?!...”
Para ler o texto completo de Manuel Carvalho clique aqui

A deliciosa despedida de Alain Resnais

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Alain Resnais (1922-2014) sempre foi visto como “cineasta do tempo e da memória”, reputação construída em obras-primas como Hiroshima, meu amorO ano passado em MarienbadMuriel e Providence. Com o passar do tempo, Resnais passou a ser reconhecido também como um tremendo construtor/inventor de espaços.
Assim como embaralhou as fronteiras entre passado, presente e futuro, o cinema de Resnais derrubou paredes, subverteu distâncias, criou ambientes maleáveis e virtuais, comandados pela imaginação e pelo desejo.
É esse sortilégio que se destaca em seu último filme, Amar, beber e cantar, baseado em peça do dramaturgo londrino Alan Ayckborn, o mesmo de Smoking/No smoking (1993) eMedos privados em lugares públicos (2006), outros êxitos da fase final do cineasta.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

Breve crônica sobre futilidades contemporâneas

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O príncipe George, filho de Catherine Midleton e do príncipe William, da Inglaterra, completou ontem um ano de vida.
Segundo a agência France Presse “em comemoração à data, a coroa britânica divulgou imagens exclusivas do menino de cabelo louro, vestindo um macacão azul e uma camisa azul marinho”, registradas, há alguns dias, em um museu londrino. “ao qual o duque e a duquesa de Cambridge levaram seu filho para ver uma exposição sobre borboletas”. Em uma das imagens George aparece andando, cena saudada como “Os primeiros passos seguros do futuro rei da Inglaterra”, pelo Sunday Telegraph.
É triste. Mas devemos cumprir o doloroso dever de informar, que, segundo um último balanço, também publicado ontem, 143 crianças palestinas, 80 delas com menos de 12 anos de idade, não poderão ver as borboletas do museu britânico, nem nenhuma outra que estiver voando por aí, por terem perecido, segundo a Unicef, desde que começou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza.
Nem elas poderão fazê-lo, nem o pequeno bebê de onze meses, que morreu no hospital, depois de ter ficado trinta e cinco horas, soterrado, com sua família, sob um prédio em construção que desabou em Aracaju.
A humanidade está – infelizmente – cada vez mais fútil.
Para ler o texto completo de Mauro Santayana clique aqui

Levinas e a reconstrução da subjetividade ética: aproximações com o campo da educação


Este artigo tem por objetivo discutir o conceito de subjetividade em sua relação com a alteridade em educação, com base no pensamento filosófico de Emanuel Levinas. Inicialmente, apresenta a discussão da subjetividade na filosofia moderna e sua forma de concebê-la como ideal de sujeito livre e soberano. Em seguida, desenvolve uma análise crítica que problematiza a pretensa soberania do sujeito e reconstrói uma nova subjetividade ética, situada na condição de refém, capaz de acolher a irredutível alteridade do Outro enquanto ideia do infinito. No contexto de reconstrução da subjetividade, o estudo estabelece aproximações com o campo da educação, destacando a experiência educativa como um acontecimento ético por excelência.
Para ler o texto completo de José Valdinei Albuquerque de Miranda clique aqui

Ariano Suassuna, uma conversa

14.07.29_Urariano Mota_Uma conversa com Ariano Suassuna

Esta entrevista se frustrou em 1989. Anotei-a um ano depois, em 1990.
Conversando, Ariano Suassuna nada tem de ariano. Conversando, Ariano é um brasileiro mestiço. Conversando, a sua referência passa ao largo das antiquíssimas gentes do tempo dos vários Afonsos e de Dom Sebastião. Conversando, a referência de Ariano é coisa mais recente, tão recente que talvez seja moderna, e de um recente tão plebeu, que talvez seja inconveniente lembrar tal referência a um acadêmico: tudo o que Chico Anysio, Lima Duarte e Rolando Boldrin tentam fazer na televisão, conversando, há muito Ariano vem fazendo: ele é um humorista narrador de casos, ajeitados à feição de vivíssimos causos. Ele é um showman sem smoking, metido em roupa de caroá, ou em calça e camisa de brim cáqui.
Um dia chegamos para entrevistá-lo, ao fim do horário de suas aulas na universidade. Isso foi há mais de quinze anos. Ele foi logo dizendo que tinha desistido da entrevista, acertada antes. Sentamo-nos então em um banco de pedra, no pátio da Escola de Artes.
Para ler o texto completo de Urariano Mota clique aqui

A acumulação do horror e o horror da acumulação | Uma entrevista com Silvia Viana

14.07.24_Silvia Viana_A acumulação do horror e o horror da acumulação

A socióloga Silvia Viana, autora de Rituais de sofrimento concedeu uma entrevista ao jornalista Mauricio Duarte para a Revista da Cultura de julho. Elaborada na efeméride dos 100 anos da Primeira Guerra Mundial, a matéria convidava três pensadores brasileiros (Silvia Viana, Luis Felipe Pondé e Maria da Graça Marchina Gonçalves) a refletirem sobre nossa relação com o horror e o sofrimento. Na matéria publicada, intitulada “A sangue frio“, as considerações de Silvia Viana aparecem polemizando com um lugar comum expresso em uma afirmação de Pondé – “Há um sadismo humano e um fascínio pelo sofrimento. Às vezes erótico, outras vezes metafísico” – e em seguida em um comentário sumário sobre a normalização e a comercialização do sofrimento nos reality shows contemporâneos. A entrevista completa, contudo, é muito mais extensa que o espaço disponibilizado pela revista.
Para ler a entrevista de Silvia Viana clique aqui

Gilbert Achcar: "Israel atacou para travar a reconciliação palestiniana"


Especialista do mundo árabe, Gilbert Achcar fala nesta entrevista sobre a situação em Gaza e a posição do Hamas, apanhado entre o ataque israelita e a política de aproximação à Autoridade Palestiniana.
Para ler e entrevista clique aqui

domingo, 27 de julho de 2014

Filme curta-metragem "Meu amigo Nietzsche"


Este filme de curta metragem do diretor Fáuston da Silva fala de um menino que descobre o gosto pela leitura através de um filósofo, Nietzsche, filósofo que costuma ser muito temido pelos adultos que não o conhecem. "Assim Falou Zaratustra" obra de 1885 abriu um mundo maravilhoso de possibilidades para o menino que vivia em um pequeno mundo do século XXI. Mostra como o improvável encontro será o início de uma violenta revolução em sua mente, na vida de sua família e na sociedade.
Para ver o curta de 15' "Meu amigo Nietzsche" clique no vídeo aqui

“Desigualdade é o chão de todas as intolerâncias”


Conhecida como a “rede social de luxo”, a ELEQT nasceu em 2012, fruto da união entre a rede social internacional Elysiants e a Qube da Quintessentially, maior grupo privado de serviço de luxo e lifestyle do planeta. No artigo “Preconceito social na internet: a reprodução de preconceitos e desigualdades sociais a partir da análise de sites de redes sociais”, Ruleandson do Carmo Cruz, doutorando em ciências da informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresenta resultados que sugerem uma territorialização do ciberespaço, como ocorre na divisão geográfica do mundo físico real.
O artigo, publicado em 2009, definia o Orkut (rede social mais popular na época), como a dos menos favorecidos, ou dos moradores da Zona Norte, e o Twitter e a então Elysiant, a dos mais ricos, da Zona Sul. “A ideia de que a internet é livre e que todos convivem em harmonia, muito propagada no início da popularização da rede mundial de computadores, é falsa. Os conflitos do mundo físico se repetem no mundo virtual e há intolerância e discriminação com o gosto e com a classe social, orientação sexual do outro, entre outras formas”, afirma Cruz.
Para ler o texto completo de Fernanda Domiciano e Kátia Kishi clique aqui

As fantásticas fotos submarinas de Benjamin Von Wong

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Para ver as fantásticas fotos submarinas de Benjamin Von Wong clique aqui

"Cais" - Milton Nascimento


CAIS

Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

Milton Nascimento

sábado, 26 de julho de 2014

Pierre Bourdieu por Roger Chartier


Para assistir aos videos da palestra de Roger Chartier sobre Pierre Bourdieu clique aqui

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