sexta-feira, 11 de outubro de 2013

MÁRIO MAGALHÃES: Caixa-preta de um biógrafo falido (debate público, confissões privadas)

Em 2003, quando abandonei minha confortável vida de jornalista de redação, alguns amigos supuseram que eu ficara maluco. Trocar a segurança do ótimo salário e o prestígio de repórter de grande jornal pela aventura de me tornar biógrafo não passaria disso mesmo: uma aventura. Ao saberem que o meu personagem seria um brasileiro maldito, castigado pelas conspirações do silêncio e do preconceito, tiveram certeza: eu surtara.
Dez anos depois, desconfio de que os amigos estavam certos. Porém, numa contradição aparente, não me arrependo do rumo tomado: dediquei nove anos de trabalho insano a preparar uma biografia não autorizada do revolucionário Carlos Marighella (1911-69). Por cinco anos e nove meses, cuidei exclusivamente do livro, sem outra fonte de renda digna de nota.
Até agora, considerava que os perrengues enfrentados, decorrentes da minha decisão, constituíam assunto da esfera privada. Diante do debate público sobre restrições à publicação de biografias, penso que se torna legítimo contar um pouco do meu sufoco. “Editores e biógrafos ganham fortunas”, afirmou Djavan (leia aqui). Será?
Para ler o texto completo de Mário Magalhães clique aqui
Para ler "Biógrafo de Che Guevara diz que Brasil se aproxima de Rússia, China e Irã quando restringe biografias" - entrevista de Jon Lee Anderson concedida a André Miranda clique aqui
Leia abaixo o texto "Gente hipócrita" de Barbara Gancia

Tudo, tudo, tudo vai dar pé; tudo, tudo, tudo vai dar pé. Ah, vai sim! Sem dúvida. Sendo que as mesmíssimas pessoas que ontem arriscaram o pescoço pela liberdade ou estiveram dispostas a pagar com a vida para garantir a democracia são aquelas que hoje estão sentadas nos banco dos réus acusadas de crimes de corrupção ou, veja só, exigindo censura prévia contra a livre expressão.
Do jeito que vai, entre uma coisa e outra, liberdades conquistadas a duras penas podem morrer afogadas. Ano que vem tem eleição. E, por coincidência, um texto que poderia passar para o Senado depois de ter sido aprovado em caráter terminativo na Câmara "emperra" na Casa graças a um recurso. Cuma? O que tem eleição a ver com o projeto de lei que permite publicação de livros biográficos sem autorização do biografado ou da família?
Ob-servando hipócritas disfarçados rondando ao redor, sabe-se lá o que houve, a manobra foi misteriosa; fato está que a lei teve de ficar na Câmara e, agora, nós vemos surgir, como uma nuvem negra que essa gente não sabe onde vai, o tal do movimento encabeçado pelo messiânico Roberto Carlos, Procure Saber, associação que visa proteger a honra e a privacidade de biografados tapuias.
Gostaria de tranquilizar meus ídolos Roberto, Caetano, Gil, Erasmo (beijo, Tremendão, te amo!) etc: calma, pessoal! De minha parte, quero deixar claro que não tenho o menor interesse em ler a história de nenhum de vocês.
Pra que perder tempo? Já sei que Caetano nasceu em Santo Amaro (BA), é filho de dona Canô, que sua irmã é uma precursora meio confusa de Daniela Mercury, que ele começou a namorar a ex-mulher quando ela era "de menor", ué? Por acaso, Cae fez escondido sem que algum ser humano do planeta tomasse conhecimento? Que privacidade é essa que eles tanto estão querendo resguardar? Coisa mais provinciana!
Eu lá estou interessada em saber o que o Milton fez com seus amiguinhos do clube da esquina ou na casinha de sapê? A mim basta aquela voz gloriosa ao lado do sax de Wayne Shorter, não estou nem aí com a ressaca moral de quem fez e agora não segura a onda. Ou será que há o pretexto de valorizar o peixe para depois vendê-lo mais caro?
Há um fenômeno interessante descrito em "As Aventuras de Tom Sawyer", de Mark Twain. A tia de Tom ordena que o menino pinte a cerca da casa. Preguiçoso, Tom tenta achar um jeito para escapar. E encontra um meio de passar o mico para frente, sorrindo e cantando e pintando com entusiasmo a cada amigo seu que passa pela calçada. O dia termina com o menino sentado na grama enquanto toda a criançada da vizinhança termina o serviço por ele.
A esta altura, o oportunismo e a ganância de Paula Lavigne e Flora Gil são conhecidos até do papa. Peguei pesado? Refraseio, então: o senso de oportunidade para negócios da ex-mulher e da mulher de Caetano e de Gil é muy admirado. Sobretudo por Caetano e Gil.
Um fala o que lhe dá na veneta, Dumbledore desmesurado, cujo prestígio político, poderia -como não?- dar ou tirar votos do candidato Freixo. O outro, ex-ministro, ou seja, também animal político, aninhou-se na verborreia de hippie sequelado que o país aprendeu a tratar com condescendência.
E as madames negociando: sr. Rouanet entra na sala, sr. Rouanet sai. Sr. Rouanet toma um táxi ou vai ao banheiro e elas firmes. Ninguém dá um pio, afinal estamos falando de mitos. E elas são folclóricas. Mas tem limite: são os direitos sagrados expressos na Constituição. Mexeu nisso, aquele abraço.

Barbara Gancia, mito vivo do jornalismo tapuia e torcedora do Santos FC, detesta se envolver em polêmica. E já chegou na idade de ter de recusar alimentos contendo gordura animal. É colunista do caderno "Cotidiano" e da revista "sãopaulo".
 http://www1.folha.uol.com.br/colunas/barbaragancia/2013/10/1354924-gente-hipocrita.shtml  11/10/2013

 





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