terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A utopia coletiva da carnavalização midiática da humanidade

No livro O inconsciente político (1992), o crítico literário americano Frederic Jameson propôs uma metodologia interpretativa baseada numa dupla perspectiva, ao mesmo tempo opositiva e complementar: uma primeira inscrita na tradição analítica marxista, cujo pressuposto se inscreve na necessidade de uma prática crítica negativa ou da negatividade, sob o ponto de vista de que, num mundo de opressores e oprimidos, para citar o filósofo alemão Walter Benjamin, todo monumento de e à cultura é também um monumento de e à barbárie, porque, querendo ou não, foi produzido a partir do sofrimento, do desespero, do esquecimento, humilhação, abandono e mortes de milhares ou milhões de outros seres humanos; uma segunda perspectiva analítica que parte de um princípio oposto ao primeiro, porque compreende que, pela simples existência, todo e qualquer artefato cultural inscreve nele mesmo uma vontade utópica, por mínima que seja, de outro mundo.
O método interpretativo proposto por Jameson, portanto, está implicado com o jogo analítico entre negar, em retrospectiva; e afirmar, em perspectiva: negar o que coopta ou compartilha com o abandono dos desterrados da terra, desde antes até a atualidade; e destacar, por outro lado, as chispas utópicas que se inscrevem nos artefatos culturais, como afirmação de coletivas vidas futuras.
Embora goste da proposta metodológica de Jameson e a adote em minhas análises, reflexões e pesquisas, penso que não podemos ignorar o uso recorrente que os opressores de ontem e de hoje (e principalmente os de hoje) fazem da perspectiva utópica presente em todos os artefatos culturais com o objetivo de camuflar a tragédia geral que atinge a vida da esmagadora maioria das populações do mundo, através do flagelo da fome, de guerras, de desempregos e do sem fim de humilhações e privações no campo do acesso à saúde, à moradia, à educação, à terra, à segurança, à dignidade pessoal, familiar, comunitária, simbólica, étnica, de gênero.
Para ler o artigo completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

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