terça-feira, 29 de novembro de 2011

Língua portuguesa: sobre gramáticas

Com exceção de alguns especialistas, todos fomos levados a crer que uma gramática é um compêndio de regras que devem ser seguidas. Ela é praticamente reduzida a uma lista de acertos, o que provoca o surgimento de listas de erros.
Uma enormidade de apostilas, sites, blogues de especialistas em ‘reprodução’ fornece a curiosos ou a pseudonecessitados outras listas com as formas que podem e as que não poderiam empregar em seus relatórios (mas empregam...).
É verdade que esse tipo de regra (listas?) é uma gramática, mas apenas em um sentido da palavra e que leva em conta apenas uma das funções que tais obras desempenham em sociedades como a nossa.
Sua principal função é manter e realimentar o imaginário sobre uma suposta língua correta e bonita, sempre mais antiga. Outra função é contribuir com um ingrediente muito importante para cimentar a ‘unidade nacional’, com a ideia de que somos um povo que falamos uma só língua (tese fácil de desmentir, aliás, mas suficientemente forte para resistir a argumentos e a fatos).
Nunca se ouve, em uma festa ou em mesa-redonda, alguém perguntar pela classificação de “exceto”, ou se “fantasma” é abstrato. Mas todos querem saber se a pronúncia correta é “ibero” ou “ibero” (as letras em negrito representam as sílabas tônicas), se é ou não um sinal do fim do mundo que se diga “Minha bolsa cabe de tudo” e onde vamos parar se os jovens não distinguem mais “ascendência” de “descendência” e se escrevem “ele se difere dela”, em vez de “se diferencia”.
Enfim, as gramáticas não só prescrevem. Elas também descrevem e tentam explicar fatos de linguagem que ocorrem, seja na escrita (que é muito diversificada), seja na fala (ainda mais variada).
Para continuar a ler o texto de Sírio Possenti clique aqui

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